Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes. Ezequiel 37:3
Ezequiel capítulo 37 é, sem sombra de dúvidas, uma das passagens bíblicas que mais confronta a fragilidade do homem frente à soberania de Deus.
Observe que a pergunta do verso três inicia-se da seguinte forma: “Filho do homem”, ou seja, você que é um mero mortal, limitado e incapaz, me responda: “Acaso podem ossos secos voltar a ter vida?”
Existem ao menos duas respostas óbvias para essa pergunta: Sim ou Não. Se o profeta respondesse que Sim, muito provavelmente Deus o replicaria: “Então faça acontecer”. E o profeta estaria em má situação, pois jamais saberia como fazer. Mas, se ele respondesse que Não, estaria limitando Deus à condição humana, tornando-o limitado e incapaz.
De todas as respostas possíveis, não tenho dúvidas de que a mais assertiva foi exatamente a que o profeta declarou: “Senhor Deus, tu o sabes”. Em outras palavras: “Senhor, somente Tu sabes todas as coisas, porque para Ti nada é impossível”.
O título em destaque é uma declaração de Jesus, endereçada aos fariseus (Mt 23.24). Valho-me dessa figura de linguagem usada por Jesus para descrever a religiosidade confusa, difusa e defeituosa do povo de Deus, no final do período dos Juízes. Este livro da Bíblia descreve o período mais turbulento e instável de Israel. Foram mais de trezentos anos de crises medonhas, quando o povo de Deus viveu numa espécie de gangorra espiritual, sob a opressão dos inimigos ao redor.
Nos últimos cinco capítulos do livro de Juízes, não havia mais ataques externos. Cessaram as invasões inimigas. Israel tornou-se o seu maior problema, o seu mais perigoso inimigo. O povo se uniu como um só homem não para combater os adversários ao redor, mas para ferir uns aos outros, numa guerra fratricida. A religiosidade tornou-se sincrética. O culto divino foi corrompido. Misturaram idolatria com devoção ao Senhor. Perderam a sacralidade da vida, da família, do sacerdócio e do culto. Destaco aqui alguns exemplos:
Em primeiro lugar, a paganização do culto. No capítulo 17, vemos a história de Mica, o homem que roubou sua mãe, e a mãe que roubou a Deus. Parte do dinheiro do roubo devolvido foi empregado para fazer uma imagem de escultura, com o propósito de adorar ao Senhor, num flagrante desrespeito ao segundo mandamento da lei. Essa família religiosa, porém, idólatra, constituiu um dos filhos de Mica para o sacerdócio num templo familiar, para oficiar um culto pagão. Muita religiosidade, mas nenhuma obediência. Muito ritual, mas nenhuma fidelidade. Muita aparência de piedade, mas nenhuma piedade verdadeira.
Em segundo lugar, a comercialização da vocação sagrada. No mesmo capítulo 17, o levita Jônatas, da família de Moisés, saiu de Belém rumo ao norte e foi parar na casa de Mica. Este, sabendo que Jônatas era levita, contratou-o como um capelão familiar, para liderar o culto no santuário pagão que tinha em sua casa. Esse levita, sem qualquer escrúpulo, vendeu sua consciência, transigiu com a santidade de sua vocação, e por dinheiro, tornou-se sacerdote de um culto idólatra. Mais tarde, membros da tribo de Dã, roubam os ídolos da casa de Mica e contratam o levita Jônatas, oferecendo-lhes maiores vantagens. Esse levita é um religioso que se deixa comprar. Ele mercadeja sua vocação. Trabalha por lucro.
Em terceiro lugar, o desrespeito aos mais vulneráveis. No capítulo 19, outro levita que morava em Efraim, se envolve com uma mulher de Belém, fazendo dela sua concubina. Esta o abandona e retorna à casa de seu pai. O levita, meses depois, vai a Belém para tomar de volta a sua mulher. Ao retornar à terra de Efraim, enfrenta uma situação adversa em Gibeá. Os filhos de Belial daquela cidade quiseram abusar sexualmente dele. O levita entrega sua mulher aos homens depravados da cidade. Esses monstros celerados abusam da mulher num estupro coletivo a noite toda, enquanto o levita dormia em vez de defendê-la. No dia seguinte, ao levantar-se, a mulher estava caída à porta da casa. Ele a chamou, mas ela não respondeu. Talvez já estivesse morta. Colocou-a sobre o jumento e partiu para sua terra, mais de cem quilômetros rumo ao norte. Ao chegar, ele que havia despeitado sua mulher em vida, desrespeita o corpo dela depois da morte. O levita esquarteja o corpo da mulher e o divide em doze pedaços e envia um pedaço a cada tribo de Israel. Tudo isso, com o propósito de convocar o povo para uma guerra civil. Ao dar um relatório para o povo que atendeu ao seu chamado, fez-se de vítima e escondeu sua atitude covarde de entregar sua mulher nas mãos dos abusadores. Em vez de proteger sua mulher, entregou-a à morte. Sua religião era apenas de fachada. Sua falta de caráter relevou de forma contundente sua apostasia espiritual e sua deformidade moral.
Em quarto lugar, a atrocidade ancorada por um legalismo tosco. O povo reuniu-se como um só homem para declarar guerra contra a tribo de Benjamim e varrer do mapa a cidade de Gibeá. Para defender a honra da concubina de Belém, estavam dispostos a matar homens, mulheres de crianças de Gibeá. Depois de cometerem uma chacina, usaram mecanismos indecentes e cruéis para arranjar mulheres para os seiscentos homens benjamitas remanescentes, uma vez que tinham jurado que não dariam suas filhas aos benjamitas. Para não quebrar o voto tolo que fizeram, dispuseram-se a exterminar homens, mulheres e crianças de Jabes-Gileade e sequestrar quatrocentas virgens. Para atender à demanda conjugal dos restantes duzentos benjamitas, aconselharam os benjamitas a sequestrarem as jovens em Belém. Tudo isso, por causa do legalismo religioso, do cumprimento de ritos sagrados desprovidos de verdade e sem aprovação de Deus. Resta claro afirmar que esses indivíduos coaram mosquito e engoliram camelo.
Amados irmãos, obrigada por seguirem fielmente comigo neste desafio missionário, na Romênia. Por serem mãos que servem e por permanecerem comigo nesta caminhada. Que o Senhor satisfaça os desejos do coração de cada um. Que a cada dia a sua vida seja como a primavera que tenho vivenciado aqui na Romênia: florida, colorida e abundante com uma diversidade de belíssimas flores e tipos variados de frutas pela rua de Mangália e Limanu. Que sua família e seus dias sejam repletos de todas as bênçãos do nosso amado e bondoso Pai das luzes, em quem não há sombra de dúvida ou variação.
INÚMERAS ATIVIDADES
Tenho participado ativamente de todos os trabalhos da igreja em Mangalia e do trabalho em Limanu. Cooperando com a equipe no trabalho com as crianças de Limanu, sou a motorista da equipe. Aos sábados, pela manhã, participo do trabalho de evangelização de crianças e adolescentes, em Limanu.
Dia 08 de março, tivemos um chá para comemoração do dia das mulheres e das mães, levei uma mensagem às mulheres presentes, 37 no total. A tradução foi realizada pela missionária Ireni.
Tive a oportunidade de conhecer a casa de a duas famílias de Limanu, em uma visita que fizemos a elas. Foi um momento de prestar assistência à famílias que precisavam de alimentos e roupas de frio.
Duas senhoras nos procuraram pedindo orientação e aconselhamento. Foi um momento de conhecer o misticismo e o sincretismo religioso que forma a mente e dirige a vida dessas mulheres pelas quais oramos e compartilhamos a Palavra de Deus.
Nos dias 15, 16 e 17 de abril, estive em Brasov para auxiliar na mudança da missionária da OM, Eliete Santos, que veio para Mangalia trabalhar conosco.
No último sábado de abril e maio, nos reunimos com as famílias da igreja para um momento de socialização e comunhão. Um tempo agradável para fortalecer laços de amizade.
ADAPTAÇÃO
A adaptação à cultura romena permanece indo bem. Cada dia mais amando este país e principalmente os romenos.
Tenho estabelecido relacionamentos de maneira intencional, com a intenção de estreitar laços de amizade para propagação do evangelho. O ensino e dogmas da igreja ortodoxa tem grande influência na Romênia, portanto para que eu possa pregar o evangelho precisarei estreitar laços de amizade e confiança. Busco testemunhar diariamente, orar e interceder pelas vidas com as quais convivo. Posteriormente, com a sabedoria de Deus, anunciar o evangelho. Orem comigo por este motivo.
Para isso, tenho estudado o romeno de maneira sistemática nestes primeiros sete meses. A aprendizagem da língua ainda não é fácil, mas já entendo várias coisas que ouço e leio, prossigo com os estudos e tentando falar algumas palavras e frases simples. Estudo por meio de aulas do Youtube, assisto a filmes e ouço músicas romenos. Tenho muito a aprender até alcançar um nível satisfatório de comunicação. Prossigo para este alvo.
A alegria de servir ao Senhor em Mangalia e Limanu tem sido um motivo de gratidão e força para prosseguir mesmo nos dias que me vejo com dificuldade de aprender a língua que ainda é um grande desafio para mim.
ANIVERSÁRIO DA IGREJA PRESBITERIANA EM MANGÁLIA
Nos dias 10 a 12 de maio, houve uma conferência em comemoração aos 24 anos de igreja presbiteriana em Mangália. Tivemos um pastor de fora que trouxe mensagens bíblicas edificantes. No domingo, almoçamos juntos como igreja. Que dias maravilhosos para relembrar que até aqui o Senhor tem ajudado e fortalecido esta parte do corpo de Cristo, em Mangália, na Romênia.
NOVA MORADIA
Estou alegre de poder compartilhar com os irmãos minha nova moradia. Meu lar! Um lugar simples, mas bem aconchegante e num bairro residencial cheio de romenos por perto.
Uma nova etapa importante que se inicia nesse processo de aculturação e aprendizado do romeno. Pois meus vizinhos são todos romenos apenas falam a sua língua. Portanto, para me fazer entendida terei de por em prática aquilo que estou aprendendo. Isso aperfeiçoara a aprendizagem do idioma.
Outro motivo para esta mudança é que estou rodeada de famílias que não conhecem o evangelho. Meus vizinhos, em sua maioria são ortodoxos ou ateus. Uma oportunidade de relacionamentos com a intenção de testemunhar e falar do amor de Cristo.
O tempo que estive morando na igreja foi muito bom e bem acolhida. Porém, estou na Romênia para pregar o evangelho, em tempo e fora de tempo. Para este fim, tomei essa decisão, uma maior imersão na cultura e na língua.
Mais uma despesa, €350, por mês. O aluguel por aqui é nesta moeda. Peço que ajudem em oração e na divulgação do projeto para o despertar de mais parceiros financeiros.
DIA DAS CRIANÇAS NA ROMENIA
Aconteceu no dia 01 de junho. Fizemos uma festa com as crianças de Limanu. Houve história com o plano de salvação, muitas brincadeiras e bagunça. Um dia muito alegre com elas.
ESTOU MUITO FELIZ!
Deus tem me agraciado com dias abençoados nestas belas duas cidades: Mangália e Limanu. São dois lugares lindos. A natureza é deslumbrante! Há diversos tipos de flores e frutos naturais por toda cidade. Ando pelas ruas, parece que estou num filme. O inverno passou e as duas cidades onde trabalho estão pintadas de diversas cores. São tantas flores silvestres e rosas grandes que meus olhos não conseguem apreciar todas. Estamos na primavera, meu coração floresce a cada dia junto com as árvores e roseiras. O povo é agradável e hospitaleiro. A alegria da primavera se vê refletida no rosto deles e em suas casas. É uma abundância de beleza! Deus em toda sua formosura se revela por meio da natureza e nos ensina por meio de cada estação. Tenho vivido a realidade deste texto: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do seu coração.” (Sl. 37:4)
Por fim, permaneçam em oração por nós e por todo o trabalho missionário aqui na Romênia. Que o Senhor nos dê sabedoria para anunciar o evangelho e acolher aos necessitados que vierem até nós. Que os corações daqueles a quem servimos na igreja, de Mangália e Limanu, seja cheio da presença e do poder do Espírito Santo.
Em Cristo Jesus, por ele, para ele e por meio dele!
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. 1 João 4:10
Penso que os dois textos da Bíblia que mais sintetizam a evidência do amor de Deus para conosco, encontram-se em João 3:16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”; e o segundo semelhante a este está em 1° João 4:9 “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele”.
Observe que a evidência do amor de Deus para conosco está em nos amar quando não havia nenhuma demonstração de afeição da nossa parte para com ele. Pelo contrário, éramos por natureza inimigos de Deus.
É sobre essa verdade que o apóstolo João enfatiza:
Este ato revela o que é o verdadeiro amor: não por causa do amor que tivéssemos por Deus, mas porque ele nos amou e enviou o seu Filho, o qual expiou o castigo dos nossos pecados para que por meio dele fôssemos perdoados pelo Pai.
